terça-feira, 15 de maio de 2018

Um ano sem te ver e quase um sem ver alguém alguém que amo

O ano de 2017 foi uma ano que não quero lembrar muito. No entanto, de acordo com o muitos especialistas tenho de fazer memória. Um ano sem fazer uma postagem aqui. Sem ter cadência no blog O Anunciador. E nem conto o Pensamentos Póstumos. Foi um tempo que não desejo revisitar, mas necessito digerir.

Vamos ser redundantes e começar do começo.

Imerso na pressão da empresa viajei muito para Contagem onde havia uma unidade da faculdade. Perdi cabelos. Preocupação exacerbada com a campanha de vestibular. Números não batiam e quando batiam era para derrubar. Em oito anos de faculdade nunca havia vivenciado um período tão ruim para a educação superior quanto foi o início de 2017.

Com toda essa péssima prospecção nos restou atrasar o início das aulas e embrenhar março a dentro captando alunos. Resultado zero.

E março não trouxe coisa boa. Ainda em janeiro, ou dezembro, não lembro ao certo, minha fez uma cirurgia. Retirada simples da vesícula. Aparentemente. Em março seu médico nos liga e pede que comparecêssemos ao seu consultório. Neste dia, ouvimos abalados que mãe estava com um câncer. A vesícula se quer foi retirada. Estava atrofiada. O câncer era raro. Raríssimo. Se alojou no peritônio. Uma camada que temos e que envolve os nossos órgãos. Era o mesmo tipo que matou a Hebe Camargo.

O peritônio é uma membrana fina que envolve os órgãos do abdômen, como o estômago e o intestino, separando-os dos músculos da região. (Globo.com)

Nosso mundo caiu.

Foi difícil e complicado. Nestes mesmos dias a pressão da empresa não havia diminuído ou alunos surgido milagrosamente. Já estávamos debatendo os péssimos números que tínhamos do último processo. E planejando o famigerado processo de meio de ano. Que sempre foi ruim. Neste 2017 então...

Em meio a tudo isso estava eu lá. Parado. Tentando me sustentar em chão mole. Aí de mim se não fosse minha mãe. Ela, que estava enferma, deu a mim, meu pai e irmãos mais força para lutar. Não desistimos. Era como se a Esperança lutasse contra a Morte. Era não. Foi assim.

Lutamos os meses seguintes. Exames e mais exames. A médica dela, Luciana (Não lembro o nome), a virou do avesso e buscou tudo que pode. Em junho mãe começou a luta dela e da qual podíamos apenas torcer. De fora na arquibancada é complicado. Me senti inútil. Mas estava lá como uma coluna.

Toda essa memória me fere como se alguém me torturasse.

Assumi a cozinha para a mestre do fogão. Das comidas mais gostosas do mundo. E digo não porque era minha mãe, mas por ser verdade. E por ser verdade o digo. Mas era triste, porque além de ser a melhor na cozinha ela gostava da boa comida. E não conseguia comer. Meu coração doía. Rachava. Não sei se cicatrizou. Acho que nem vai.

Fizemos de tudo e tudo. E quem fez mais ainda foi meu pai. Guerreiro. E aqui cabe todas as palavras elogiosas do mundo. E ainda assim vão faltar para descrever esse homem. O marido, o amor de minha mãe. De pé sempre ao lado dela. Não saia hora alguma. Apoio, carinho, paciência sempre estiveram junto com ele ao cuidar de minha mãe.

E na empresa as coisas apertavam. Rumores de falência. Rádio peão funcionando e com audiência de Jornal Nacional. Pressão e mais pressão. Problemas com alunos, fornecedores e até colaboradores. Nada grave. Afinal era rotina essa pressão lá. Mas tinha algo distinto. Diferente. Estava sendo consumido com mais voracidade. Estava me doando com mais dor e menos amor. Então não era doação.

Em julho, próximo ao meu aniversário fizemos o III Arraiá dos Gomes. Parecia a despedida de minha mãe. A gente não quis acreditar, mas foi. Enquanto alguns não queriam fazer devido a sua enfermidade ela insistia em fazer. Só não foi na sexta para o sítio por enrolação nossa na hora de sair. Ficou de pé. Comeu um pouco de tudo. Pouco é pouco mesmo. Mas provou as comidas que ela sempre conduziu na cozinha.

Em agosto, tive de ir novamente a Contagem. Fui com coração na mão. Foi uma um dia e uma noite. Mas estava lá longe. Ainda no hotel, ao ligar para ter notícias, me avisam que mãe havia sido internada. Era uma terça feira. Eu chegue quarta e fui direto ao hospital. Vi ela lá. Aparentemente bem. Apenas em observação.

Ela não estava em observação. Ela estava no que o hospital chama de "paliativo". Acho que é isso. Um lugar onde pacientes terminais ficam a espera da sua páscoa. Não sabia disto. Na quinta eu voltei novamente para vê-la. Nesta dia que fui informado que era assim esse local por uma junta profissional do hospital. Não caiu a fixa. Não mesmo. Até comentei com meu pai que depois buscou mais informações. Acho que ele entendeu. Eu não quis. Eu não queria entender.

Voltei sexta. Nesta semana, minhas irmãs e pai revezaram para ficar com ela. Como estava trabalhando não podia. No sábado eu falei que ia dormir com ela no hospital. Minha irmã não queria deixar, mas eu insisti.

Quando chegamos ao hospital mamãe não falava, não abria os olhos. Respirava um ar pesado aparentemente. Era umas 18 horas. Meus irmãos ficaram até quando as visitas podiam ficar. Rezamos, conversamos com ela.

Quando encerrou este momento, e todos já a tinha visto, eu fiquei só. Então era suspirou pela última vez. Eu nada pude fazer. Aparentemente a Esperança havia perdido para a Morte. E ela veio. Fez a pascoa de minha mãe. Eu lá. Parado. Nada podia fazer. Nem o desespero cabia a mim naquela hora. Apenas a dor e o vazia que ali estava.

Todos os meus irmãos e meu pai estavam do lado de fora do hospital. Não haviam indo embora. Sentiram que era hora da partida dela. Quando saí não sabia nem o que falar. Mas disse. Fiz a mais triste comunicação da minha vida.

Um alento. O último suspiro da Esperança aconteceu. O padre iria dar a ela a extrema unção. Não chegou há tempo. Chegou a tempo de nos acalantar com uma linda verdade.


"Quem falece no primeiro sábado do mês, dia dedicado ao Imaculado Coração de Maria, vai direto para o céu. Ela está junto dele", 


disse o padre Efferson Andrade. Isso foi tão reconfortante que a dor de desespero sumiu e a saudade imperou naquela hora.

Agosto foi um mês muito difícil. Muito ruim. E os outros que seguiram vieram mais sem graça ainda e com mais pressão da empresa. Por fim, em dezembro a empresa foi vendida. O que afetou mais ainda a mim. Fiquei desmotivado. Não havia trato com funcionário. Em março deste ano saí.

E agora chegou a hora de recomeçar, mas não do começo. De onde parei.

por Marquione Ban





7 comentários:

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